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28/03/2013

Aprovada na OAB aos 71 anos, ela quer ajudar os necessitados

Ricardo Medeiros
Darci Mendonça Gonçalves, ela passou na prova da OAB aos 71 anos de idade - Editoria: Cidades
Foto: Ricardo Medeiros



Mesmo após concluir a faculdade de Direito aos 70 anos de idade, dona Darci Mendonça Moreno não parou de estudar. Ela atribui à sua rotina diária de estudos o fato de, hoje, aos 71 anos, estar entre os aprovados no exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Dos cerca de 114 mil inscritos no país, apenas 10% passaram no teste. O resultado foi divulgado na semana passada. Após checar na internet que havia sido aprovada, a primeira coisa que fez foi avisar os amigos no Facebook – rede social que acessa todos os dias.
Mãe de uma filha e avó de uma neta, Darci diz que sempre contou com o apoio da família. “Elas ficaram muito felizes”, contou a advogada, que mora sozinha em Jardim Camburi, Vitoria.
Dona Derci conta que nunca fez cursinho, pois, já que não trabalha, conseguiu ter a disciplina necessária para estudar. Mas a sua familiaridade com as provas começou muito antes, desde quando ela se aposentou pela primeira vez.
Ex-professora primária, também trabalhou como secretária executiva. E conta que, após 30 anos de serviço, ficou um ano fazendo tudo aquilo que não teve tempo de fazer antes, como viajar. Depois, começou a estudar para concursos.

Estudiosa
Darci passou em três concursos públicos, como o do Tribunal de Contas do Espírito Santo, mas optou pela Justiça Federal, onde ficou por 14 anos. “Como eu atuava na Vara de Execução Fiscal, senti que precisava do Direito.”
Assim, aos 65 anos, começou a fazer faculdade, pela primeira vez. Ela ia às aulas de manhã e trabalhava à tarde. Como trabalho de conclusão de curso, descreveu processos eletrônicos. “Hoje, os advogados mandam as petições pela internet. No futuro você não vai mais achar prateleiras de processos, cheias de papéis.”
Aos 70 anos, ela foi aposentada compulsoriamente. Dona Derci, inclusive, defende a chamada Proposta de Emenda Constitucional (PEC) da Bengala, que propõe aumentar para os 75 anos a idade máxima para a aposentaria compulsória dos juízes. “Eles estão no auge da sabedoria, ainda podem trabalhar.”
Como não pode mais fazer concursos por conta da idade, ela pretende advogar voluntariamente na Justiça Federal, um serviço oferecido para pessoas que não podem pagar um advogado. (Cristiana Euclydes)

Fonte: A Gazeta

PEC das Domésticas



A proposta de emenda à constituição que aumenta os direitos das empregas domésticas, conhecida como PEC das Domésticas, foi aprovada em segundo turno no Senado na terça-feira (26), depois de passar pela câmara e por uma primeira votação também no senado na semana passada.
A PEC das Domésticas entra em vigor após a publicação no Diário Oficial que deve ser feita nos próximos dias. No entanto, a maioria dos direitos depende de regulamentação do Congresso Nacional. Enquanto isso, as principais conquistas do trabalhador doméstico ficam apenas no papel.
Seguro Desemprego, FGTS, Seguro contra acidente de trabalho e auxílio creche são alguns dos direitos que aguardam regulamentação. Os trabalhadores já passam a ter alguns diretos referentes à Legislação Trabalhista. Como jornada de trabalho de oito horas diárias, quatro horas no sábado e uma folga no domingo.
Em relação à alimentação, moradia e higiene, o empregador não é obrigado a oferecer esses benefícios, mas, também, não pode descontar. Essas questões estão na lei que rege os trabalhos domésticos desde 2006.
Segundo Ricardo Pereira de Freitas Guimarães, mestre em direito do trabalho e professor de pós-graduação da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo, profissionais responsáveis pela limpeza da residência, babás, cozinheiras, motoristas e jardineiros, por exemplo, terão seus direitos igualados aos dos trabalhadores em regime CLT e garantidos em contrato, que “será o principal instrumento de defesa e garantia dos direitos”.
"Trata-se de um avanço necessário para tornar o empregado doméstico de vez um verdadeiro cidadão com amplos direitos e deveres”, afirmou. Segundo ele, com a emenda, a empregada doméstica terá de exigir em seu contrato os novos direitos. “O empregador terá que cumprir as novas regras. A supervisão será feita por sindicatos e associações de domésticas e trabalhadores.”
COMO FICA COM A NOVA PEC
Para o empregador
Para o trabalhador
Além das obrigações atuais:
Salário 
Precisa pagar ao menos um salário mínimo ao empregado, inclusive para quem recebe remuneração variável
Não pode deixar de pagar o salário
O empregador não pode deixar de pagar o salário todo mês sob nenhuma hipótese ou alegação
Jornada de trabalho
O empregador deve respeitar o limite de 8 horas diárias e 44 horas semanais de trabalho
Hora extra
Se a carga horária ultrapassar o limite da jornada, deve pagar um adicional de 50% sobre cada hora trabalhada a mais

Segurança no trabalho
Deve cumprir normas de higiene, saúde e segurança no trabalho, como oferecer equipamentos de proteção e prevenir acidentes no local de trabalho

Acordos e convenções coletivas
Deve reconhecer e respeitar acordos e convenções coletivas da categoria

Discriminação
Não pode manter diferenças de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivos de sexo, idade, cor ou estado civil ou para portador de deficiência

Trabalho noturno
O empregador não poderá ter menor de 16 anos exercendo trabalho noturno, perigoso ou insalubre

Adicional noturno*
Deverá pagar adicional quando o empregado trabalhar no período noturno
FGTS*
Deverá pagar FGTS e indenização de 40% sobre o saldo do fundo se demitir o trabalhador sem justa causa
Além dos direitos já garantidos hoje:
Salário 
Tem o direito de receber, ao menos, um salário mínimo ao mês, inclusive quem recebe remuneração variável
Pagamento garantido por lei
Tem direito a garantido a receber o salário todo mês.

Jornada de trabalho 
Deve cumprir a jornada de 8 horas diárias e 44 horas semanais
Hora extra
Tem direito a receber pelas horas extras trabalhadas
Segurança no trabalho
Tem direito a trabalhar em local onde sejam observadas todas as normas de higiene, saúde e segurança
Acordos e convenções coletivas
Terá as regras e acordos estabelecidos em convenções coletivas dos trabalhadores respeitados pelo empregador

Discriminação
Não pode sofrer diferenças de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivos de sexo, idade, cor ou estado civil ou para portador de deficiência
Trabalho noturno
O trabalhador menor de 16 anos não poderá trabalhar à noite, ou ter trabalho perigoso ou insalubre

Adicional noturno*
Terá direito a receber a mais se trabalhar à noite

FGTS*
Tem direito ao depósito do FGTS por parte do empregador, além de indenização de 40% do saldo do FGTS se for demitido sem justa causa

Seguro desemprego*
Tem direito a receber seguro desemprego se for demitido

Salário-família*
O trabalhador de baixa renda tem direito a receber salário-família para cada dependente

Auxílio-creche e pré-escola*
Tem direito a assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até os cinco anos de idade em creches e pré-escolas

Seguro contra acidentes de trabalho*
Tem direito ao seguro contra acidentes de trabalho
Indenização em caso de despedida sem justa causa*
*Depende de regulamentação. Algumas entidades defendem que essas regulamentações já são aplicadas para outras categorias e devem ser estendidas ao empregado doméstico. Outras defendem que será preciso criar novas regulamentações para que os direitos entrem em vigor
Fontes: Ricardo Pereira de Freitas Guimarães (PUC-SP); Wilza Sodré Farias de Almeida (SED/MT),  Mário Avelino, presidente do Portal Doméstica Legal, e Alexandre de Almeida Gonçalves, advogado especialista em direito empresarial e concorrencial

Obrigações

Wilza avalia, contudo, que os empregados domésticos também terão novas obrigações, o que deve reduzir a relação “familiar” que muitos recebem dos patrões. “O empregador tem que tratar o empregado doméstico como empregado dele, com direitos e deveres.”

Para ela, também é possível existir um aumento no número de demissões, provocado pelo incremento nos gastos dos empregadores. “O patrão fica preocupado, não sabe que direito é esse, se faz com que ele pague mais ainda”, explicou.

Por isso, a presidente do SED/MT ressalta a importância da qualificação da mão de obra em todas as linhas de trabalho doméstico.
Arte PEC das Domésticas direitos (Foto: Arte G1)
G1